terça-feira, 26 de maio de 2015

Uma promessa cumprida.... :-)

Depois de ter estado nalgumas escolas do nosso Agrupamento no dia 14 de Abril, o autor de "Céu das Mães", Paulo Kellerman, cumpre o prometido aos meninos da chã da laranjeira: escrever uma história só para eles!...
Nós ficamos muito agradecidos e lisonjeados com tamanha gentileza.

"... não consegui usar todas as sugestões que fizeram, não é fácil escrever sobre "salsichas andantes" :) as sugestões das crianças incorporadas na estória estão a bold. " (Paulo Kellerman)

Aqui fica a estória!

O nascimento de uma aldeia

Havia uma feiticeira que, ao longo dos anos, percorreu todos os centímetros da floresta em que vivia no cimo do seu cavalo sem cabeça, expulsando dali todos os homens e animais. Assim, pouco a pouco, a floresta foi ficando sem vida; e quando perdeu a vida, foi também perdendo a cor.

O Cavaleiro negro e os seus cães do inferno.

Quando a feiticeira morreu (numa noite de tempestade, depois de um duelo com o cavaleiro negro e os seus cães do inferno), nada restava; a floresta era feita de silêncio e escuridão, de tristeza e imobilidade. Tudo era cinzento, como se a chuva tivesse lavado as cores.
Então, uma manhã, quando já n
em as plantas da floresta tinham esperança de dias coloridos, surge um par de borboletas a esvoaçar pelos ares; estão perdidas e não sabem como vieram parar a esta floresta sinistra, assustam-se, desejam fugir. Mas reparam que, enquanto voam, vão deixando atrás de si rastos de cor, pequenos fios brilhantes da cor das suas asas. Surpreendidas, notam como as cores que deixam no céu vão caindo suavemente sobre a floresta, pintando-a. O cinzento vai desaparecendo: as cores caídas do céu misturam-se e multiplicam-se; e de repente, tudo parece belo e novo. Parecia um mistério mas a verdade é que estas borboletas são mágicas: são da Lua de Marte e têm o poder de viajar à velocidade goma, que como toda a gente sabe é a velocidade a que se fazem as cores.

As borboletas voam enchendo a floresta de cor.

As borboletas voam e voam e voam, até que toda a floresta esteja coberta de cor; depois, pousam no ramo de uma árvore e olham à sua volta, felizes. Lá ao longe, ouve-se o murmúrio de um rio, misturado com os gemidos dos arbustos, com o bater das asas das abelhas que surgiram inesperadamente, vindas não se sabe bem de onde.
Agora que há cor, a floresta ganha vida, devagarinho. E tão bonita é esta floresta que, um dia, virão pessoas apenas para a ver; e como se sentirão bem, pois a floresta transmite serenidade e paz, quererão ficar para sempre. E ficarão: numa zona chã da floresta e em redor de uma laranjeira muito alta e antiga, nasce uma aldeia.
Numa zona chã da floresta, em redor de uma laranjeira, nasce uma aldeia.




Paulo Kellerman